A pretexto de “separar o joio do trigo”, o presidente do PT, Rui Falcão, anotou em texto veiculado no site do partido nesta segunda-feira (30): “É inquestionável que o senador Delcídio traiu a confiança do PT, do governo Dilma, de quem era líder do Senado, e frustrou o seu próprio eleitorado.”
Na próxima sexta-feira (4), informou Falcão, “a Comissão Executiva Nacional do PT discutirá quais medidas serão adotadas a respeito das violações éticas que o senador Delcídio do Amaral cometeu e que se comprovam por uma gravação cuja autenticidade foi reconhecida por ele mesmo.”
Ao tratar Delcídio como traidor, Falcão repete Lula em sua versão de 2005. Quando explodiu o mensalão, Lula convocou uma rede nacional de rádio e televisão para declarar-se “traído”. Naquela ocasião, o PT expulsou o tesoureiro Delúbio Soares.
Em 2011, já na condição de ex-presidente, Lula adotou a tese segundo a qual o mensalão não passara de uma “farsa”. E Delúbio, na época ainda uma condenação esperando pra acontecer no STF, foi readmitido nas fileiras do PT, com as bênçãos de Lula.
Condenada pelo STF, o pedaço da direção do PT que passou pela Penitenciária Papuda jamais foi incomodado pela comissão de ética da legenda. Personagens como José Dirceu, José Genoino e João Paulo Cunha são tratados nos eventos partidários como “guerreiros do povo brasileiro”. Dirceu não perdeu o status partidário nem mesmo depois de ser preso também no escândalo do petrolão. O privilégio da inocência presumida foi estendido ao tesoureiro João Vaccari Neto, também preso na Lava Jato.
No caso de Delcídio, o PT adota a linha do mata-e-esfola. Falcão esclarece que o senador será submetido a “um julgamento político”. Quanto às imputações penais, anotou o presidente do PT, “incumbe ao Ministério Público e ao STF dar seguimento ao inquérito e posterior denúncia, assegurados ao senador o devido processo legal e a ampla defesa.”
A direção do PT deseja expulsar Delcídio dos quadros partidários. Falcão resumiu a acusação: “…o STF determinou a prisão do senador sob a acusação de tentativa de obstrução da Justiça e formação de organização criminosa com o intuito de promover fuga de um réu da Lava Jato, além de evitar a menção do nome dele na delação premiada de Nestor Cerveró”, ex-diretor da Petrobras, preso em Curitiba.
Falcão realçou que “o Senado Federal decidiu, em votação realizada após a prisão, validar a decisão do STF”. Absteve-se de lembrar que o placar registrado no painel eletrônico do Senado foi de 59 votos a 13. Evitou mencionar também que, dos 13 votos favoráveis ao relaxamento da prisão de Delcídio, nove vieram da bancada do PT.
Fonte: Blog do BG / Via Blog Messias Online
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