Os últimos reajustes no preço da gasolina têm feito com que motoristas deixem os carros em casa e busquem outras alternativas para ir ao trabalho no dia a dia no Rio Grande do Norte.
O estado segue como o segundo estado com a gasolina mais cara do Brasil, de acordo com um levantamento feito pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) entre os dias 11 e 17 de julho.
O preço médio do litro da gasolina registado no RN pela ANP foi de R$ 6,34. O estado fica atrás apenas do Acre, que registra um valor médio de R$ 6,39.
Por O servidor público Fábio Izaias já tinha o hábito de ir ao trabalho de bicicleta de vez em quando por uma questão de saúde. Agora, para economizar gasolina, a atividade se tornou diária.
Ele mora na Cidade Alta e usa a bicicleta todos os dias para ir ao trabalho, no Campus Central da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
"Dava uma média de R$ 400 por mês em gasolina. É pesado. A pessoa pode usar esse dinheiro em outra coisa, né? E a gente está economizando, tendo saúde e ajudando a ter uma cidade mais sustentável, com menos carro na rua e menos carbono" conta.
A iniciativa também foi adotada por Eduardo Pandolphi, que passou a sair diariamente do conjunto Cidade Satélite até a UFRN, onde trabalha, de bicicleta.
"Quis unir o útil ao agradável, né? Eu estava precisando fazer algum exercício físico porque, agora, numa pandemia, fico com receio de ir pra academia, de fazer esportes em locais fechados. E com o aumento do preço do combustível, eu pude unir as duas coisas: a economia de combustível e também fazer meu exercício físico", diz o servidor público.
A mudança não acontece apenas na capital potiguar. Em Mossoró, também tem motorista mudando a rotina.
Há três meses o técnico em informática Bruno Duarte sai de casa para o trabalho, em um trajeto de 3,5 km, de bicicleta. De acordo com ele, a decisão foi tomada quando os gastos com combustível estavam chegando a R$ 500 por mês.
"É uma opção viável para se fazer, trocar o seu transporte de quatro rodas, que tem um alto custo de manutenção, por uma bicicleta. É bem mais prático, bem mais ágil e bem mais saudável", conta.
De acordo com o economista Robespierre do "Ó", a escolha dos motoristas pode ter consequências na oferta e demanda de combustíveis, se tornando uma mudança social a longo prazo. "Na hora que o consumidor diminui seu consumo de gasolina, o posto vai vender menos, a distribuidora vai vender menos e a refinaria vai vender menos".
Dificuldades e outras formas de economizar
"Então, toda uma cadeia produtiva sofre com isso, além do mercado. A oferta está aqui e a demanda diminuiu. Então eu vou ter que adequar essa oferta, diminuindo a produção ou o preço", explica.
Como toda escolha, a troca do carro pela bicicleta tem vantagens e desvantagens, alerta o servidor público Eduardo Pandolphi. "Andar de bicicleta na chuva é mais arriscado, a gente não vê buraco na rua porque fica tudo empoçado, os óculos também ficam bem ruins para pedalar. Tem que ter estrutura de ciclovia. A Prefeitura diz que já tem quase cem quilômetros de ciclovia na cidade, mas tá um quebra-cabeça, porque elas não estão interligadas e a gente divide [faixa] com os ônibus".
"A Prefeitura tem que rever esse plano e interligar todas as ciclovias, principalmente para o pessoal da Zona Norte, que é quem sofre com transporte", diz Eduardo Pandolphi.
Nesses casos, o economista Robespierre relembra que existem outras formas de economizar combustível, mas todas exigem mais planejamento na rotina.
"A outra opção é começar, por exemplo, a compartilhar. Aquelas pessoas que moram próximas, que trabalham ou moram próximo umas das outras, começar a compartilhar o transporte, sair junto. Você observa, hoje, muito carro andando com uma pessoa só. Então, com isso, o que que você faz? Aqueles colegas que moram próximo de trabalho, que moram próximo, no caminho, começarem a rachar", sugere. G1RN
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