Maria Sivieiro Lopes observa vista aérea de Piracicaba neste sábado
(Foto: Thomaz Fernandes/G1)
1º de FEVEREIRO de 2014 - O sonho de Maria Sivieiro Lopes, de 104 anos,
sempre foi andar de avião. Depois que a dona de casa ultrapassou a marca de
um século, o passeio ganhou contornos de "último desejo na vida" e foi realizado
na manhã deste sábado (1º) em Piracicaba (SP). Moradora no município desde
que nasceu, a idosa foi levada pela sobrinha e três filhos ao Aeroporto Comendador
Pedro Morganti e, em voo de aproximadamente 20 minutos, ela pôde aproveitar
o feito. Agora, ela tem nova aventura.
Idosa não tem problemas de saúde e usa apenas
muleta para andar
muleta para andar
(Foto: Thomaz Fernandes/G1)
Mãe de sete filhos, cinco deles vivos, Maria foi casada duas vezes e ainda
hoje espera encontrar um companheiro. Lúcida e sem problemas graves de
saúde, Maria aproveitou o passeio. Passados os primeiros segundos de
apreensão durante a decolagem, ela não parou de olhar para a janela e ainda
teve bom-humor para rebater as provocações do filho Irineu Lopes, de 66 anos:
"Olha mãe, não quer descer no cemitério?" perguntou ele. "Só vou morrer depois
que enterrar você ali", disse ela sorrindo. A reportagem do G1 acompanhou a
aventura de mãe e filho.
A fala de Lopes é fruto das brincadeiras que a própria Maria faz sobre a morte.
"Ela prometeu que vai enterrar os filhos antes de morrer. E eu não duvido. Minha
mãe está muito mais saudável do que muita gente até hoje,", disse ele quando
curtia a paisagem sobre Rio Piracicaba.
Família acompanhou sonho de mulher de 104 anos em Piracicaba
(Foto: Thomaz Fernandes/G1)
Apesar da idade, Maria esbanja saúde. Ela anda com a ajuda de uma
bengala, ouve e fala sem qualquer dificuldade. A dona de casa também não tem
diabetes, nenhum problema de pressão alta e nenhuma dificuldade cardíaca.
Quando questionada se sofre de alguma doença, ela responde: "A única coisa
que tenho é vinho na barriga." Os filhos relatam que ela bebe um galão com
quatro litros de vinho por semana, além de uma lata de cerveja por dia.
Remédios são poucos e as visitas a médicos continuam raras, relatam os
familiares.
Sonho e tragédia
A "fada madrinha" do sonho foi a empresária Magali Lopes, de 50 anos, que é
sobrinha de Maria. "Ela sempre falava nisso e contou que, no passado, viajaria
com o marido e com um primo que era aviador, mas que morreu em um acidente
aéreo. Essa semana, procurei um amigo que tem uma aeronave e ele me ajudou.
Não é um avião grande, mas já deu para sentir a emoção", disse Magali que
aguardou a tia no aeroporto durante o passeio.
O comandante encarregado de transportar Maria foi o instrutor de voo João
Florindo, de 34 anos. Ele contou que o aeroclube chega a realizar entre 10 e
15 voos panorâmicos por fim de semana, em diversas circunstâncias. "Já levei
aniversariante, criança e até mesmo um pedido de noivado. Mas creio que esta
aqui é a situação mais inusitada que já vivi em três anos", disse.
Depois de descer do modelo Arrow- 200, Maria considerou o "último desejo"
realizado, mas os familiares creem que a matriarca ainda desfrutará, em vida,
de muitos outros desejos. "Foi tudo muito bão", disse a idosa logo que desceu do
avião.
Thomaz FernandesDo G1 Piracicaba e Região
Retirado do G1 / Via Blog Ideias & Fatos
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