Todos os crimes aconteceram neste mês de fevereiro. Três dos ex-companheiros – principais suspeitos dos crimes – se suicidaram em seguida.
Maria de Fátima José, de 54 anos. Marcione de Araújo Brito, de 34. Micheli da Silva Ferreira, de 33, e, mais recentemente, Rute Helena dos Santos, de 43.
O que essas mulheres tem em comum? Todas foram assassinadas neste mês de fevereiro no Rio Grande do Norte, tendo os companheiros e ex-companheiros como principais suspeitos do crime – três deles, inclusive, se suicidaram.
Os dados são da Polícia Civil e foram repassados nesta segunda-feira (27) a pedido do Jornal.
Os quatro casos representam todos os investigados por feminicídio no ano no estado – outros dois também têm essa linha de investigação inicial, segundo a Civil, mas apresentam outras possibilidades.
De acordo com a delegada Paoulla Maués, diretora de proteção a grupos vulneráveis, a maior parte dos feminicídios têm algo em comum: companheiros que não aceitam o fim do relacionamento ou mantêm suas esposas como se fossem posses..
“Tem a questão cultural, patriarcal, do machismo, a posse. E a mulher muitas vezes não chega a denunciar po medo, por questões financeiras, por vergonha. Nenhuma mulher apanha ou se deixa ser lesionada, seja fisicamente, psicologicamente, moralmente, porque gosta. Mas porque tem medo, vergonha de informar, receio de não ser acolhida, de não ser protegida, compreendida devidamente pelos seus parentes, familiares”, explicou a delegada.
Nos primeiros dois meses de 2022, a Polícia Civil contabilizou seis casos de feminicídio – dois a mais que no mesmo período de 2023. Durante todo o ano passado, esse número chegou a 16.
Neste ano, nenhuma das mulheres que foram assassinadas pelos ex-companheiros tinham registrado nenhuma ocorrência contra eles, nem buscado medidas protetivas.
De acordo com a Promotoria de Defesa da Mulher do RN, crimes de violência contra a mulher são comuns em dias de festas, especialmente nos fins de semana e dentro de casa.
“Todo relacionamento abusivo tem um caminho: o feminicídio. Todo feminicídio tem uma história. Não existe um sem, por mais que a vítima não tenha feito uma denúncia, pedido uma medida protetiva. É possível depois, o que acontece: às vezes os vizinhos e familiares comentam: ‘ah, ele era muito ciumento’; ‘ah, ele sempre agredia, ela ia pra casa da mãe dela e depois voltava’. Isso são características de um relacionamento abusivo que caminha para o feminicídio”, explicou a promotora de Defesa da Mulher, Érica Canuto.
De acordo com a lei, o feminicídio é um homicídio qualificado praticado “contra a mulher por razões da condição de sexo feminino”, onde envolve “violência doméstica e familiar e menosprezo ou discriminação à condição de mulher”.
Cessar a violência e buscar rede de apoio
A delegada Paoulla Maués reforça que todo feminicídio parte de um histórico de violência e abuso contra a mulher.
“Daí a importância da gente realmente cessar o ciclo da violência logo no início, porque a violência no âmbito doméstico, familiar, é uma crescente. O feminicídio é a ponta do iceberg. Mas há violências sequenciadas e crescente no âmbito familiar. Então ela está em silêncio. Aí é que o agressor cresce e pratica mais e mais violência”, pontuou.
“A partir do momento em que nós, ao redor, estamos percebendo que essa mulher está sofrendo violência é importantíssimo que a gente encoraje ela a registrar o boletim de ocorrência para que cesse essa violência. Para que toda segurança pública e todo o aparato estatal possa acolhe-lá e proteger inclusive os filhos”.
Outro ponto apontado pela promotora de Defesa da Mulher, Érica Canuto, é sobre manter uma rede de apoio às mulheres vítimas de violência.
“Em 97% dos crimes de feminicídio as mulheres não tinham medida protetiva. A Lei Maria da Penha para denunciar, buscar ajuda é essencial para garantir que vai ter uma vida sem violência”, falou.
“E também que as pessoas ao redor tem muito o que fazer. Não desistir de ajudar uma vítima em situação de violência pode também salvar essa vida. Não se afaste de sua amiga, colega de trabalho, vizinha, mesmo que ela volte. Continue dando apoio. Diga: ‘Eu vi, eu ouvi, eu posso ser testemunha’. Ser apoio, ser rede, isso é fundamental”.
Via Jornal Folha Regional
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