A Polícia Federal realizou, na manhã de terça-feira (23), a 'Operação Ponto Final', que investiga fraudes nos registros de pontos de médicos do Instituto Nacional do Serviço Social (INSS) em Araraquara.
De acordo com o delegado Adriano Rodrigues Junqueira, a investigação contou com o apoio da Força Tarefa Previdenciária e apontou que quatro peritos médicos - três homens e uma mulher - renomados da cidade, não cumpriam carga horária de trabalho e atendiam em clínicas particulares e hospitais de Araraquara enquanto deveriam estar exercendo atividades na Gerência Executiva do INSS da cidade.
Os médicos teriam criado um esquema de fraude de controle de ponto realizado com uso de senha pessoal. "Uma vez na semana um ficava a cargo de ir até o INSS para assinar o próprio ponto e os dos demais colegas. Por conta disso, quase todos os dias não havia perito na parte da tarde para atender aos usuários do serviço público", explica o delegado.
O ápice do esquema foi no dia 5 de maio, quando ainda de acordo com Junqueira, um dos peritos assinou o ponto para um colega que estava afastado com atestado de saúde. Imagens de câmeras de segurança do prédio contribuíram com a vigilância dos agentes federais durante a investigação, que levou cerca de quatro meses.
Ao todo, foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão e quatro mandados de condução coercitiva. Secretárias dos consultórios particulares dos médicos também foram levadas à delegacia como testemunhas para prestarem esclarecimentos. "Umas delas, inclusive, abriu o jogo e contou mais detalhes sobre o esquema", completa o delegado.
Agendas e anotações apreendidas
Um dos médicos investigados foi detido enquanto realizava uma cirurgia em um hospital particular, quando deveria estar de serviço no INSS.
Agendas com marcações de consultas das clínicas também foram apreendidas. "Desde os primeiros dias de investigações chegamos a provas muito robustas que comprovavam o esquema denunciado. O que mais me causa repulsa é que são pessoas que ganham salários altíssimos, com idades avançadas, que não precisavam fazer isso", diz o delegado federal.
Só do INSS, os médicos recebiam salários que variavam de R$ 14 a R$ 21 mil por mês. Os investigados do serviço público foram temporariamente afastados por decisão da Justiça Federal. Eles também estão proibidos provisoriamente de entrar no edifício do INSS, além de pagarem multas e responderem, em liberdade, por falsidade ideológica, estelionato, abandono de função pública, prevaricação e associação criminosa.
As especialidades e nomes dos médicos investigados não foram divulgadas pela Polícia para não comprometer as investigações. Porém, de acordo com a PF, todos são credenciados à Unimed.
(Colaborou Daiane Bombarda)
Via Blog AgoraAlminoAfonsoInforma
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