quinta-feira, 29 de novembro de 2012


MEC tira redação da nota geral do Enem e abre polêmica

Nota média cai em humanas e em ciências da natureza.
Antes responsável por 50% da média final das escolas no Enem, a redação foi excluída da nota geral dos colégios nos dados do exame de 2011, divulgados anteontem. O Ministério da Educação considerou que a correção dos textos é subjetiva e não seria "tecnicamente correto" seguir somando esse resultado ao dos testes de português, de matemática, de ciências humanas e da natureza.
A redação é analisada por professores do país todo, contratados pelo ministério. Os alunos continuaram a fazer os textos, mas o resultado dessa área passou a ser desconsiderado na média dos colégios, agora formado apenas pelas outras quatro áreas.
Impacto - Apesar de polêmica entre educadores, a medida não trouxe impacto significativo no ranking das 50 melhores da capital paulista.
Simulação da Folha (considerando a redação como 50% da média) aponta que, se a redação passasse a integrar a nota final, 15 deixariam esse grupo. Os quatro primeiros colégios, por exemplo, não trocariam nem de posição. Mas ocorreriam mudanças radicais em alguns casos. O Liceu Pasteur, por exemplo, cairia 74 colocações. Já o Mackenzie ganharia 28 postos.
Divergências - Dois professores universitários, especialistas em educação, discordaram da mudança. "O primeiro ponto importante é o de valorizar a própria redação", diz Ocimar Alavarse, professor da Faculdade de Educação da USP.
Segundo Alavarse, se houver um roteiro de correção bem definido, a subjetividade pode ser contornada. "A medida é inadequada porque a regra do jogo foi mudada depois de ele ter sido jogado", diz Fátima Rotta Furlanetti, professora da área de educação na Unesp.
Já dois diretores de colégio, mesmo com boas notas em redação, apoiaram a medida. Diretor do colégio Vértice (SP), Adilson Garcia defendeu a exclusão da redação da média. Para ele, é complicado corrigir tantos textos e ter tantos corretores. O Vértice teve a melhor nota na redação entre os colégios paulistanos.
Para a coordenadora do colégio Santa Catarina de Sena, Célia de Abreu, a redação é importante para melhorar o desempenho dos alunos, independentemente de ser incluída na nota final do Enem. A escola ficou em segundo lugar em redação na cidade.
Humanas e em ciências da natureza - O desempenho médio dos alunos nas áreas de ciências da natureza e ciências humanas caiu no Enem 2011 em comparação com os dois anos anteriores. A média melhorou, porém, em matemática e língua portuguesa. A notícia vem um ano após o governo comemorar os resultados positivos do Enem 2010, quando houve uma melhora no desempenho geral.
A área de ciências da natureza abrange os conteúdos de química, física e biologia, enquanto as ciências humanas abarcam história, geografia, filosofia, sociologia e conhecimentos gerais. São considerados apenas os resultados de alunos que prestaram o exame no último ano do ensino médio.
A média de ciências da natureza caiu de 502,14 em 2009 para 465,56 em 2011. Em ciências humanas, a variação foi ainda maior. Em 2009, a média foi 502,44. Em 2010, subiu para 538,73 e em 2011 despencou para 472,59, uma queda de 66 pontos.
Já as médias de matemática e língua portuguesa cresceram de 500,77 e 500,95 em 2009 para 521,07 e 519,35 no ano passado.
Luiz Cláudio Costa, presidente do Inep, órgão responsável pelo Enem, afirma que ainda não é possível fazer um diagnóstico sobre os motivos da piora. "Não é possível saber analisando apenas a média, porque ela é influenciada pelos extremos. Se eu tenho alunos nota 2 e alunos nota 10, não posso dizer que meu aluno médio é nota 6."
Ele diz que não se pode atribuir a queda a um aumento de dificuldade das provas, já que o Enem é calibrado pela TRI (teoria de resposta ao item), em que as questões são divididas em fáceis, médias e difíceis e têm pesos diferentes conforme o índice de erro e acertos em fase de testes.
Para ele, é preciso verificar, entre outros fatores, a distribuição das notas dos alunos pelas áreas de conhecimento, as características sociais dos inscritos e o número de concluintes do ensino médio. "Se eu passo a incluir mais [alunos], pode haver diferença na média", afirma. Em 2009, 824 mil concluintes do ensino médio prestaram o exame. Em 2010, esse número foi de pouco mais de um milhão. Em 2011, 1,13 milhão.
Costa diz que o aumento de alunos que usam o Enem para certificação de conclusão do ensino médio pode ter influenciado os resultados. O exame pode ser utilizado por alunos maiores de 18 anos, que não concluíram o ensino médio na idade adequada, para obtenção do diploma.
"Mas isso só saberemos estudando os dados mais a fundo. Em educação você nunca tem uma corrida curta."
(Folha de São Paulo - 24/11)
Via Blog RG em Notícia

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