sábado, 15 de fevereiro de 2020

PERIGO: "DESAFIO DA RASTEIRA" UMA BRINCADEIRA QUE PREOCUPA PAIS DE ALUNOS E DIRETORES DE ESCOLAS

“quebra-crânio” é um assunto que rapidamente invadiu o WhatsApp de pais e responsáveis por alunos e se transformou em uma grande preocupação nas escolas, em pleno início de ano letivo.
O “desafio da rasteira”, também chamado “quebra-crânio” ou “roleta humana”, é, na verdade, uma agressão que pode levar a vítima a lesões severas e à morte.
Várias imagens com três jovens posicionados lado a lado, onde o do meio é convidado a pular e em seguida recebe uma rasteira de surpresa, viralizaram na internet. Alguns participantes aparecem com fardas escolares.
Além de trazer risco de vida, a “brincadeira” pode ser considerada infração, se praticada por menores de 18 anos, ou crime, no caso do agressor ser maior de idade. O assunto virou pauta de reunião escolar em algumas unidades e de ações educativas em outras. Discutir o problema de forma responsável é considerado o melhor remédio para combatê-lo antes que ocorra uma tragédia.
O caso de uma estudante nordestina que morreu após ser vítima da rasteira aumentou o receio de pais e mestres. Emanuela Medeiros, 16, bateu a cabeça no chão, na Escola Municipal Antônio Fagundes, em Mossoró (RN). Ela sofreu traumatismo craniano, foi socorrida pela direção do colégio e levada ao Hospital Regional Tarcísio Maia, mas acabou morrendo. O caso aconteceu em novembro do ano passado e viralizou nesta semana.
Práticas como o “desafio da rasteira”, alertam especialistas, ressurgem a cada ano e ganham adeptos entre crianças e adolescentes, na mesma medida que preocupam pais e educadores. Exemplo disso foi o jogo Baleia Azul, que levava ao suicídio, assim como o da Boneca Momo. Outro exemplo foi o Bird Box, onde os jogadores eram estimulados a vendar os olhos para fazerem tarefas cotidianas.
Desafiar a morte e a dor é uma característica do ser humano e isso não é diferente com os adolescentes, avalia Simas. “Na década de 1970, havia uma brincadeira de colocar corrente falsa na rede e pedir para um amigo sentar e em seguida cair. Isso já era feito com risco. Com as mudanças geracionais cada vez mais velozes, a escola precisa estar vigilante”, acrescento.
Um dos vídeos do “desafio” divulgados na internet mostra estudantes do Marista, no Rio Grande do Norte, fazendo a brincadeira. A rede, que também está presente em Pernambuco, emitiu nota oficial sobre o assunto. Os colégios que integram o Marista Centro-Norte, uma das três unidades administrativas do Marista no Brasil, iniciaram, nesta semana, um trabalho de conscientização.
“Por meio de suas equipes pedagógicas, a instituição tem promovido reflexões com os alunos, durante o período de aulas, sobre as consequências da atitude, que coloca em risco a integridade física dos seus participantes. Além das medidas preventivas, a instituição reitera estar atenta aos movimentos em sua comunidade. Em relação ao vídeo com os alunos de Natal, informa que todos já foram orientados com suas respectivas famílias”, diz a nota.
Vítima pode sofrer sequelas irreversíveis
A Sociedade Brasileira de Neurocirurgia também emitiu nota para alertar aos pais e educadores sobre a necessidade de reforçar a atenção com as crianças e adolescentes. Na mensagem, é explicado que a queda pode provocar lesões irreversíveis ao crânio e encéfalo, além de danos à coluna vertebral.

“Como resultado, a vítima pode ter seu desempenho cognitivo afetado, fraturar diversas vértebras, ter prejuízo aos movimentos do corpo e, em casos mais graves, ir a óbito. Como sociedade, pais, filhos e amigos, devemos agir para interromper o movimento e prevenir a ocorrência de novas vítimas. Acompanhar e informar/educar sobre a gravidade dos fatos, pode ser a primeira linha de ação”, diz um trecho do comunicado.
“O pior é que há adolescentes que acham que nada pode acontecer com eles, porque são menores de idade. Se a pessoa envolvida é menor de 13 anos, ele não vai apreendido, mas os pais ou representantes legais podem responder por ele. Além disso, a vítima também pode entrar com ação de indenização pelo dano causado. No caso de ser maior de 13 anos e menor de 18 anos, cabe a aplicação de medida socioeducativa. E se resultar em morte, o homicídio pode ser considerado doloso”, alertou.

Até a própria escola pode ser responsabilizada, se o caso se repetir por falta de providências. “Se é repetitivo, significa ausência da escola. Os pais precisam saber o que acontece na internet, até mesmo pelos veículos oficiais”, explico.

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