sábado, 30 de agosto de 2014

Marina afirma que 'engano' motivou alteração no programa de governo

Marina Silva (PSB) fez campanha na Rocinha, Zona Sul do Rio (Foto: Mariucha Machado/G1) 
Marina Silva (PSB) fez campanha na Rocinha, Zona Sul do Rio (Foto: Mariucha Machado/G1)

A candidata à Presidência da República Marina Silva (PSB) afirmou neste sábado (30), durante caminhada na Rocinha, Zona Sul do Rio, que a eliminação de um trecho de seu programa de governo que defendia o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a criminalização da homofobia foi motivada por "um engano".

Neste sábado, a coordenação da campanha divulgou nota que informou sobre alterações no trecho referente aos direitos da comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transsexuais) divulgado na véspera.

A defesa de propostas que legalizam o casamento igualitário e a equiparação da discriminação contra homossexuais aos crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor foram substituídos pela seguinte redação: "Garantir os direitos oriundos da união civil entre pessoas do mesmo sexo".

Em caminhada na Rocinha, Marina afirmou que houve a correção de um "engano" porque o texto divulgado originalmente não continha a chamada "mediação" com a proposta de movimentos sociais sobre o tema.

"O texto que foi para a publicação foi o texto tal qual foi apresentado pelas demandas dos movimentos sociais. Todos os movimentos sociais apresentaram as suas demandas. Foram feitas as mediações e se contemplou o tanto quanto possível as propostas, mas independente de qualquer coisa, nosso compromisso é com a defesa do Estado laico, o respeito à liberdade individual e o respeito à liberdade religiosa. O que foi feito foi ter voltado o texto da mediação, porque havia sido cometido um engano", disse Marina Silva.

Em nota divulgada neste sábado (30), a assessoria da campanha informou que o texto, "infelizmente, não retrata com fidelidade os resultados do processo de discussão sobre o tema durante as etapas de formulação do plano de governo".

Disse que uma "falha processual na editoração" da versão do programa divulgada na internet e em exemplares impressos permitiu a veiculação de uma redação "que não contempla a mediação entre os diversos pensamentos que se dispuseram a contribuir para sua formulação e os posicionamentos de Eduardo Campos e Marina Silva a respeito da definição de políticas para a população LGBT".


Desde a divulgação do programa, com a defesa do casamento gay, defensores e opositores das políticas voltadas para a comunidade LGBT se manifestaram nas redes sociais com críticas à candidata.

O deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), que milita em favor dos direitos civis para homossexuais, escreveu para seus seguidores no Facebook que a candidata "mentiu a todos nós e brincou com a esperança de milhões de pessoas". Ele disse que a defesa a "união civil" apoiada pelo programa, em vez do casamento igualitário, é "segregacionista".
"Vocês já imaginaram um candidato presidencial dizendo que é contra o direito dos negros ao casamento civil, mas apoiaria uma "lei de união de negros"? A nova política da Marina é tão velha que lembra os argumentos dos racistas americanos de meados do século XX. 

Contudo, o pior é que ela brincou com as esperanças de milhões de pessoas! E isso é cruel, Marina!", escreveu.

Pelo Twitter, o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, disse inicialmente que aguardaria a posição de Marina após a divulgação da primeira versão do programa. Depois, mesmo com a correção, fez críticas à candidata.

"O Pgm de gov de Marina pensa que o povo de Deus é idiota.Corrigiu palavras mas a essência é a mesma,pior,cheio de subjetividades", postou na rede social, acrescentando que o programa faz "defesa vergonhosa da agenda gay" e "com dados mentirosos sobre assassinatos" de homossexuais.

Nesta sexta-feira, outro ponto do programa de governo, o que se referia ao uso da energia nuclear, foi alterado horas depois da divulgação do texto.

Pesquisa
No Rio, Marina também foi questionada sobre a pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta (29), em que aparece com 34% das intenções de voto, mesmo percentual da presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição.

Indagada se acredita em vitória ainda no primeiro turno, respondeu: "Ainda temos muito chão pela frente. E o que nós estamos querendo é que este movimento continue. É o movimento do cidadão que quer a mudança", afirmou.

Moradia
Minutos antes da chegada da presidenciável à Rocinha, moradores postaram mensagens em redes sociais, segundo as quais teriam sido registrados tiros na comunidade. A polícia não confirmou a suposta troca de tiros.

Marina Silva durante caminhada na Rocinha, no Rio de Janeiro (Foto: Mariucha Machado/G1 Rio) 
Marina Silva durante caminhada na Rocinha, no Rio
de Janeiro (Foto: Mariucha Machado/G1 Rio)

Durante a caminhada na comunidade, na Zona Sul do Rio, Marina Silva disse ter o compromisso de tratar e respeitar as comunidades com atendimento nas áreas de saúde, educação e segurança pública. A candidata ressaltou também a qualidade da moradia das pessoas.

"A nossa atitude é de respeito com as comunidades, para que essas comunidades possam ter acesso a serviços públicos de qualidade em saúde, educação e segurança pública e na habitação. Uma das formas de fazer esse respeito é destinando recursos para que as comunidades possam ser urbanizadas, para que as pessoas possam ter a regularização dos lugares aonde moram, sem que precise remoção, como muitas vezes é feito quando se pensa em habitação popular", afirmou Marina.

A candidata disse que tem como meta aumentar em 4 milhões as moradias do programa Minha Casa, Minha Vida. Segunda ela, o objetivo é fazer urbanização, criar espaços de convivência e oferecer educação de tempo integral.

Do G1 / Via Blog Comunicador Efectivo

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