O número de veículos roubados ou tomados de assalto no Rio Grande do Norte aumenta a cada ano. O índice de elevação se aproxima dos 30% (29,29%) se compararmos os registros de 2012 e 2011. Em 2012 foram 3.659 veículos subtraídos de seus proprietários contra 2.830 em 2011. O percentual segue tendência nacional, mas se observarmos os números registrados no primeiro mês de 2013 e levarmos em consideração os estados com população e frota semelhante ao Rio Grande do Norte (Alagoas, Piauí e Paraíba) os dados despertam mais ainda a atenção.
Um total de 322 veículos foram roubados ou furtados no Rio Grande do Norte apenas em janeiro, resultando uma média de 10 roubos por dia. A estatística supera a média mensal registrada nos anos anteriores, sendo 304 para 2012 e 235 para 2011. Os dados foram fornecidos pela Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), que são abastecidos com números das secretarias estaduais de segurança.
Alagoas, por exemplo, que possui 3,12 milhões de habitantes, registra índices inferiores nos três anos acompanhados. Em 2011 foram 1.925 roubos ou assaltos registrados ao longo do ano, contra 2.830 no Rio Grande do Norte. No ano seguinte, Alagoas registrou 2.347 roubos ou assaltos contra 3.659, no RN. E o mês de janeiro contabiliza 204 contra 322 do RN. A frota do estado de Alagoas (502.602) é bem inferior à do Rio Grande do Norte (897.780). Mas a da Paraíba (889.655) se assemelha mais a do RN, por sua vez os índices paraibanos são inferiores em relação a subtração de veículos – 1.607 em 2001; 1.509 em 2012 e 141, no primeiro mês de 2013.
Para o titular da Delegacia Especializada de Defesa da Propriedade de Veículos e Cargas (Deprov), Frank Albuquerque, esses números são reflexo da ousadia crescente dos bandidos. “Os bandidos são bem armados e preparados”, frisa o delegado. O combate é realizado diariamente e a prisão de envolvidos em roubos, assaltos e receptação de veículos ocorre com frequência.
O delegado faz questão de destacar o baixo efetivo que atua na Deprov e o alto risco enfrentado pelos policiais. “A Deprov age em todo o Estado e não tem 20 policiais. Prendemos muita gente, mas a pena é muito pequena e as pessoas são soltas muito rápido. O que dá insegurança ao policial em serviço”, afirma Frank Albuquerque.
Os veículos preferidos pelos bandidos são os do tipo Uno, Gol e Palio. E os bairros em Natal que mais registram ocorrências são Lagoa Nova, Alecrim, Candelária e Nossa Senhora da Apresentação. Parnamirim é o município líder na Grande Natal. Esses veículos são mais visados porque são carros populares e possuem baixo valor de revenda. Um golpe comum é aplicado em pessoas que tentam adquirir um veículo com preço abaixo do praticado pelo mercado. É uma forma de arrecadar dinheiro rápido. “Eles prometem que vão entregar a documentação depois e nunca entregam”, explica Frank Albuquerque.
Outra forma é a tomada do veículo de assalto. A auxiliar de escritório Edilma Sinedino é uma das vítimas recentes. O carro recém-adquirido, ainda sem placas, foi levado quando estava em frente à casa da cunhada, no bairro da Cidade Alta. Por volta das 13h da última terça-feira um homem “bem apessoado” a abordou quando deixava a residência. Sem alarde, mostrou a arma dentro de uma pasta e levou o veículo. O Palio de Edilma foi encontrado no dia seguinte no bairro das Rocas. O delegado da Deprov explica que outra prática comum é a subtração do veículo para utilização em outros crimes, seguido de abandono.
Polícia recupera 56,9% dos carros roubados no RN
Paralelo ao aumento do número de registros de sinistros relacionados ao roubo e furto de veículos, o índice de recuperação do Rio Grande do Norte está bem acima dos registrados pelos estados com população e frota semelhante. Dos 2.082 veículos roubados ou furtado em 2012, 56,9% foi recuperado. Com esses dados , o estado fica à frente da Paraíba (55,9%), Piaui (45,6%) e Alagoas (43,4%). Para Frank Albuquerque isso é resultado de ações diárias de combate. “Estamos prendendo pessoas diariamente”, afirma.
O delegado pede para as pessoas considerarem algumas dicas de segurança, como ficar atento enquanto dirige e observar a movimentação ao chegar em casa. “Se perceber uma movimentação suspeita, não parem. Passem direto e procurem a polícia”. O uso de alarme é positivo, pois dificulta o roubo. Para quem vai adquirir um carro de terceiro, a sugestão é fazer um levantamento dos dados do carro, procurando Detran e Deprov.
Seguro
As vendas de apólices de seguros para veículos representa quase 50% de todo o mercado no Brasil. A arrecadação da carteira de seguro de automóvel em 2012 atingiu a marca de R$ 24,7 bilhões. O valor é 15,9% maior do que o registrado em 2011, R$ 21,3 bilhões. O que representa um aumento na procura por esse tipo de serviço. Mas o aumento reflete a insegurança percebida pela população. “A elevação do números de roubos e furtos afeta diretamente o preço do seguro, mas não é o único fator levado em consideração”, destaca o diretor executivo FenSeg, Neival Freitas.
As empresas seguradoras adotam uma série de fatores para determinar os preços e o índice de criminalidade é considerado junto com a demanda por indenizações diversas, gestão administrativa da máquina e lucros, por exemplo.
Gabriela Freire – repórter / Tribuna do Norte / Via Blog do JBelmont
Gabriela Freire – repórter / Tribuna do Norte / Via Blog do JBelmont
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