sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Morre Arlindo Cruz, autor de sambas memoráveis, aos 66 anos

Via Blog do GM

Arlindo Cruz
Foto: Divulgação

Cria de Madureira e apaixonado pelo Império Serrano, músico se tornou um dos maiores compositores de sua geração.

Morreu nesta sexta-feira (23), aos 66 anos, o sambista Arlindo Cruz. Ele estava afastado da cena musical desde 2017, quando sofreu um AVC durante o banho.

Um dos maiores sambistas de sua geração, conhecido pela riqueza melódica de suas composições e pela malandragem de seu partido-alto, Arlindo Domingos da Cruz Filho foi nascido e criado em Madureira, bairro do subúrbio do Rio que virou musa de suas canções. Arlindo respirou música desde cedo por influência do pai, Arlindão, que promovia encontros em casa onde apareciam figuras como Candeia. Foi no disco “Roda de Samba”, de Candeia, inclusive, que Arlindo começou sua carreira tocando cavaquinho, aos 17 anos, em 1975.

Ainda nos anos 1970, Arlindo Cruz foi um dos fundadores da roda de samba do Bloco Carnavalesco Cacique de Ramos, frequentada por nomes como Jorge Aragão, Almir Guineto, Zeca Pagodinho, Marquinhos Satã, Luiz Carlos da Vila, Sombrinha e Jovelina Pérola Negra. Foi no Cacique que Arlindo se consolidou como partideiro. Também foi nesta época que ele introduziu o banjo como instrumento de samba.

Da turma do Cacique nasceu o Fundo de Quintal, lendário grupo de samba que teve Arlindo na sua formação a partir de 1982. Com o conjunto, gravou 10 discos, entre eles “Nos pagodes da vida” (1983), “Seja sambista também” (1984), “Divina luz” (1985) e “O mapa da mina” (1986). No início dos anos 1990, Arlindo deixou o Fundo de Quintal para seguir carreira solo.

Em 1993, gravou “Arlindinho”, seu primeiro disco de músicas autorais, dentre elas “Saudade louca” (com Franco e Acyr Marques), “Zé do povo” (com Franco e Marquinho PQD), “Castelo de cera” (com Zeca Pagodinho) e “Só pra contrariar” (com Almir Guineto e Sombrinha). Com Sombrinha, Arlindo formou uma dupla frutífera: juntos fizeram os álbuns “Da música” (1996), “O samba é a nossa cara” (1997) e “Pra ser feliz” (1998).

Ao todo, Arlindo gravou nove álbuns em carreira solo, fora os feitos em dupla com Sombrinha. Segundo o Ecad, a obra do sambista contempla 795 músicas. Também compôs canções que ficaram famosas nas vozes de outros artistas, como “Boto meu povo na rua”, que fez sucesso com Mart’nália, e “Alto lá”, que ganhou projeção na gravação de Zeca Pagodinho, co-autor da faixa.

Em 1986, Arlindo Cruz entrou para a Ala dos Compositores do Império Serrano. É dele os sambas-enredo da escola nos carnavais de 1989 (“Jorge Amado, Axé Brasil”), 1995 (“O tempo não para”) e 1996 (“E verás que um filho teu não foge à luta”), entre outros anos. Arlindo também compôs para escolas como Vila Isabel, Grande Rio e Leão de Nova Iguaçu.

O último samba-enredo que Arlindo compôs foi “Silas canta Serrinha”, para o Império Serrano, em 2016. No Carnaval de 2023, a Verde e Branca de Madureira homenageou o compositor com o enredo “Lugares de Arlindo”. O músico desfilou no último carro da escola, junto com a mulher, a ex-porta bandeira Babi Cruz, com quem foi casado por 35 anos.

Em 2017, Arlindo Cruz sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC). O episódio o deixou acamado, com dificuldades motoras e cognitivas, e o deixou impossibilitado de cantar e tocar. Desde então, ele passou por algumas internações.

O Globo

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