Via Barriguda News
Na quarta-feira (20/05), o Ministério da Saúde (MS) divulgou um novo protocolo indicando o uso da cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento de pacientes com sintomas leves do novo coronavírus (Covid-19). Contudo, médicos alertam que após essa recomendação com novas diretrizes, realizada pelo órgão federal, poderá ficar difícil encontrar o medicamento para tratar pacientes com outras doenças.
Em entrevista ao jornal Estadão, uma médica, que não revelou sua identidade, contou que tem tido dificuldades em tratar seus pacientes com lúpus, devido à falta da substância: “Já estava difícil encontrar cloroquina, imagina agora”, afirmou.
A Apsen detém 95% do mercado nacional de hidroxicloroquina, o medicamento tem sido usado por alguns médicos no tratamento da Covid-19. De acordo com o jornal, a indústria farmacêutica está com seus estoques esgotados da substância.
A hidroxicloroquina é um fármaco usado na prevenção e terapia de malária sensível à cloroquina. A substância também pode ser utilizada para tratar artrite reumatoide, lúpus, entre outras enfermidades descritas na bula. Contudo, pouco tempo após o começo da pandemia, alguns estudos preliminares indicaram a possibilidade de o produto ser eficaz contra o novo coronavírus. No entanto, essa possibilidade ainda está em fase de testes.
Segundo o farmacêutico e professor em farmacologia do ICTQ - Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, Thiago Melo, os estudos recentes sobre a hidroxicloroquina não apresentam evidências científicas em relação à eficácia da substância na terapia da Covid-19. “Não há nenhum amparo, por publicações [científicas], nas últimas semanas, sobre a ação da hidroxicloroquina e seus derivados contra a Covid-19. Até agora, o que temos de dados é que em fase avançada o medicamento não reduz carga viral, já em relação à profilaxia também não há nenhuma comprovação na literatura”, explica.
Alta procura
A diretora de Assuntos Corporativos da Apsen Farmacêutica, Renata Spallicci, revelou que em 30 dias os pedidos de hidroxicloroquina baterem o volume de vendas de todo o ano de 2019. A informação foi divulgada pela revista Quem.
De acordo com Renata, houve um aumento na produção do fármaco, justamente, para tentar evitar que pacientes que sofram com doenças crônicas e precisam da substância fiquem sem o tratamento. Ela revelou ainda que procura foi tanta, que chegou a receber pedidos de pessoas que estavam precisando do medicamento: “Recebemos mensagens de pacientes crônicos muito sensibilizados”, disse ela, na entrevista à revista.
Segundo ela, até a própria Aspen se surpreendeu com essa alta demanda: “Acompanhávamos esses estudos antes da divulgação (da possibilidade de uso da hidroxicloriquina) e fomos surpreendidos com a magnitude que isso tomou”, comentou Renata, que é engenharia química.
Contudo, conforme divulgado na quarta-feira (20/05) pelo Estadão, mesmo com essa força-tarefa, aumentando a capacidade de produção, o estoque da indústria está, atualmente, esgotado.
Outras produtoras
Apesar da Aspen deter 95% do mercado da substância, a EMS e a Sanofi também produzem o medicamento hidroxicloroquina. Além disso, desde o fim de março de 2020, que o presidente, Jair Bolsonaro, pediu para que o Laboratório Químico Farmacêutico do Exército aumentasse a produção da substância, para fornecimento ao Sistema Único de Saúde (SUS).
*Fonte: ICTQ
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