terça-feira, 4 de agosto de 2015

Para advogado, prisão de Dirceu foi ato político, e ex-ministro virou prêmio

O advogado Roberto Podval, que defende José Dirceu, disse nesta segunda-feira que a prisão do ex-ministro tem “justificativa política” e que o juiz Sergio Moro cedeu à pressão popular, ao prendê-lo preventivamente. Para Podval, Dirceu teria se tornado uma espécie de “prêmio”.

“Zé Dirceu hoje é bode expiatório do processo. Se termina uma fase do processo com a prisão do Zé Dirceu como um grande prêmio que se encontrou ali. É injusta a prisão”, classificou Podval. “Não vou culpar Moro, mas obviamente que ele, como qualquer ser humano, reage à pressão popular”, alfinetou.

O advogado disse que a prisão é injustificada por não ter os requisitos previstos na lei, como risco de fuga ou tentativa de obstrução das investigações. Ele sustenta não ter havido qualquer fato novo que justificasse a prisão e ressaltou que todas as informações constantes do processo, inclusive os pagamentos suspeitos, foram prestados pelo próprio Dirceu. “Então a única justificativa que foi dada foi ordem pública, o clamor que o caso teve, diria quase que uma antecipação de uma eventual punição. Essa antecipação não tem justificativa jurídica plausível”, disse.

Podval afirmou que a prisão de hoje, no âmbito da Lava-Jato, não tem efeitos na situação processual de Dirceu em relação à condenação no mensalão, como uma eventual perda do direito de cumprir a pena em domicílio. Por se tratar de uma prisão temporária, disse o advogado, ela pode ser considerada até injustificada, no caso de absolvição, por exemplo.

O advogado defendeu que todos os serviços de consultoria de Dirceu foram prestados e que ele teria recebido recursos enquanto estava preso de contratos já cumpridos, antes de ser encarcerado. Podval afirmou que todos os documentos e recebimentos foram apresentados. Ele destacou ainda que a empresa de Dirceu foi desativada no ano passado e, portanto, não haveria como usar a consultoria como justificativa da prisão.

“O ex-ministro sempre teve profundo reconhecimento internacional e desenvolveu importantes laços de relacionamento com destacadas figuras públicas ao longo de toda sua trajetória e militância política. Esse era o ativo e o valor de José Dirceu como consultor, sem que nunca fosse exigido dele, por parte dos clientes, o envio de relatórios ou qualquer outro tipo de comprovação dos serviços prestados”, diz o advogado em nota.

Amigos dizem que Dirceu não se surpreendeu com prisão

Depois de tentar por duas vezes garantir um habeas corpus que impedisse sua prisão, o ex-ministro José Dirceu sabia que era uma questão de tempo até ser preso pela força-tarefa que comanda a operação Lava-Jato. Pessoas que tiveram contato com ele recentemente disseram que o ex-ministro estava tranquilo. Entre os amigos do petista, persiste a tese de que a operação tem como foco o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Publicamente, o escritor Fernando Morais chegou a externar a opinião em rede social. “A (Polícia) Federal prendeu o Zé Dirceu hoje de manhã. Ele, o irmão e o secretário. Mas não é o Dirceu que essa gente quer. Nem ele, nem a Dilma (Rousseff, presidente). Eles estão rodeando para chegar nesse rapaz sem o dedo mindinho aí da foto. Eles querem ganhar as eleições de 2018 com três anos de antecedência”, escreveu, publicando uma foto do ex-presidente Lula.

Amigos de Dirceu se queixam ainda da data da prisão, uma vez que na quinta-feira haverá o programa político do PT na televisão. “Sempre é às vésperas do programa do PT essa operação (policial). Foi assim com o Vaccari (ex-tesoureiro do partido preso em abril passado) — disse um petista próximo a Dirceu, para quem “a lógica (da operação) é arrebentar Lula”, disse.

O mesmo petista disse que estaria fora de cogitação Dirceu fazer qualquer acordo de delação: “Na escala de valores de nossa família, o mais grave é sempre a delação — disse ele, apontando ainda que as pessoas próximas do ex-ministro “sabem que não existe isso de mágoa nem de amor com o Zé. Ele é um míssil gélido” e que não haveria “nada a ser delatado”.

Fonte: O Globo / Via Blog do BG

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