segunda-feira, 25 de maio de 2015

Em entrevista a jornal mexicano, Dilma diz não temer processo de impeachment

dilma
Em uma longa entrevista concedida ao jornal mexicano “La Jornada”, a presidente Dilma Rousseff falou sobre as manifestações recentes contra o seu governo e pelo impeachment. Na entrevista publicada neste domingo, na véspera de sua primeira visita de chefe de estado ao México, Dilma diz não temer enfrentar um processo de impedimento, que na sua opinião não tem base real. Ela disse que essas ameaças foram recorrentes nos governos dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e de Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo ela, o impeachment está institucionalizado no Brasil e tem um caráter muito mais de luta política.

— Ou seja, é muito mais esgrimido como uma arma política, não é? Uma espécie de espada política, mistura de espada e de drama que querem impor ao Brasil. Agora, a mim não atemorizam com isso. Eu não tenho temor disso, eu respondo pelos meus atos. E eu tenho clareza dos meus atos — garantiu a presidente.

O jornalista do “La Jornada” quis saber se as iniciativas eram uma atitude de direita muito radical, “que não era vista há tempos no Brasil”. Dilma respondeu que, de uma certa forma, todos os presidentes no Brasil passaram por esse processo, sem sofrer o impedimento.

Collor foi tirado. O Itamar eu não lembro (se houve pressão pelo impeachment), acho que não. Mas eu estou te falando dos últimos tempos. Vira e mexe tem essa… — disse Dilma, repetindo que “era praxe”.

Na abertura da entrevista publicada, o jornal cita que Dilma e Lula se reuniram na sexta-feira “presumivelmente para abordar a situação política conturbada”. E aborda a diplomacia independente de Washington e focada para a América Latina.

— Brasil estava de costas para os seus vizinhos e para o seu continente e achava que tanto a Europa como os Estados Unidos era o que nós devíamos nos relacionar. Não que não devamos, pelo contrário, devemos. Mas nós temos um compromisso — e eu acho que isso mudou a política externa do Brasil —, nós temos um compromisso com a América Latina e com a África — disse Dilma, acrescentando que sua ida ao México abre um novo capítulo nesta relação.

— Eu acredito que essa relação é uma relação especial. Eu sei de todas as histórias da relação do México com os Estados Unidos, que na Revolução de 1910 diziam: “Ah, pobre México. Tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos”.

O jornalista mexicano insistiu sobre um eventual interesse do governo brasileiro numa parceria das petroleiras Petrobras e Pemex, mas lembrou que o marco regulatório brasileiro é muito rígido. Dilma reafirmou a intenção de manter as regras de partilha, mas disse que há sim um grande interesse na vinda da Pemex.

— Mas não tenha dúvida (que há interesse). E acredito que para a Pemex é bom, porque a Petrobras detém a tecnologia de exploração em águas profundas. Mas sem dúvida, não tenha dúvida disso. Nós veríamos com imensa simpatia. Afinal de contas, a Pemex é uma das maiores national oil companies do mundo. A Pemex é uma empresa absolutamente conceituada, por trás dela está o povo do México. Nós achamos perfeitamente possível que a Petrobras mantenha a sua importância, o Brasil mantenha a sua soberania e eles, ao mesmo tempo, participem — disse Dilma, que prosseguiu:

— Então, a Petrobras é uma empresa… é uma S/A, com todas as características da S/A. Agora, obviamente a gente reconhece na Petrobras um papel estratégico no Brasil. Ela, hoje, tem uma coisa que ninguém tira dela, nem competição nenhuma, pode vir quem quiser: nós conhecemos a bacia sedimentar continental brasileira como poucos conhecem — completou Dilma.

Logo após falar sobre as petroleiras, Dilma confundiu as cores da bandeira do México e da seleção de futebol mexicana. A presidente lembrou que, quando se referia à Seleção Brasileira, o dramaturgo Nélson Rodrigues dizia que a Seleção Brasileira era a pátria de chuteiras.

— Dizia que era a pátria verde e amarela de chuteiras, Lá, no México, a Seleção Mexicana é a pátria azul, branca e verde…

— Não, a camisa é verde, a camisa da seleção. Sim, é verde — corrigiu o jornalista do.

— Então, eu sempre disse o seguinte: se a Seleção Brasileira é a pátria de chuteiras, a Petrobras é a pátria com as mãos sujas de óleo — prosseguiu Dilma.

— Ah, isso é muito bom, Presidente, é uma frase muito boa — disse o jornalista do “La Jornada”.

— E vocês têm também a pátria suja de óleo lá, a mão suja de óleo — prosseguiu Dilma.

O Globo / Via Blog do BG

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