Corpos que ainda necessitam de identificação por DNA estão no pátio do Itep (Foto: Rafael Barbosa/G1) |
O Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep) do Rio Grande do Norte decidiu que só vai guardar corpos não identificados por até 10 dias. A decisão foi publicada nesta quinta-feira (2) no Diário Oficial do Estado (veja AQUI a portaria).
“Findado o prazo, o Itep prosseguirá com a liberação e encaminhamento do cadáver não reclamado ao município do local do óbito, para que sejam tomadas as providências para o sepultamento em cemitério”, diz trecho da publicação.
Até a semana passada, o órgão acumulava mais de 30 corpos sem identificação. Com as câmeras frias superlotadas, muitos cadáveres e ossadas estão ensacados no chão do pátio ou expostos ao sol.
Segundo o diretor-geral do Itep, Marcos Brandão, antes deste decreto o Itep ficava com os cadáveres não reclamados por no mínimo 45 dias. A falta de vagas nos cemitérios públicos vem impedindo que os corpos sejam retirados do órgão, o que vem causando acúmulo de corpos.
Técnicos e necrotomistas do Itep não têm autorização para conceder entrevista, mas contam que as geladeiras do instituto estão tão cheias que algumas gavetas, que são individuais, têm até dois corpos dentro.
Corpos ficam no pátio do Itep em Natal (Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)
De acordo com o diretor do Itep, Marcos Brandão, a situação acontece pela espera por vagas nos cemitérios da cidade. “Esses corpos estão sobrecarregando o sistema”, afirmou.
Dentre os corpos estão os quatro mortos não identificados do massacre de Alcaçuz, vítimas da rebelião que aconteceu em janeiro na maior penitenciária do estado. Na ocasião, pelo menos 26 detentos foram mortos em uma briga envolvendo facções criminosas rivais que dispustam o poder do tráfico de drogas no estado.
O Itep cobra vagas nos cemitérios para enterrar os indigentes, mas a situação está sem solução há mais de um ano.“Não tem vaga para enterrar esses corpos. Entramos em contato com a prefeitura, mas nossas reuniões são canceladas”, explicou Brandão. “Todos os dias chegam novos corpos, mas nenhum indigente saiu. Isso contribui para o mau cheiro, pois alguns corpos já chegam em estado de decomposição, mas não temos câmaras para guardá-los”, acrescentou.
Uma das soluções que será apresentada à prefeitura, quando o Itep for recebido, é a construção e ampliação de ossários, nichos onde ossadas são guardadas. “A construção de um ossário em um dos cemitérios públicos é o ideal. Se não tivéssemos excesso de corpos, teríamos condições de atender melhor a população”, ressaltou o diretor Marcos Brandão.
Conversa
A Secretaria de Secretaria Municipal de Serviços Urbanos de (Semsur) afirmou que prefeitura está sempre aberta à conversa com o Itep e ressaltou que esta semana foram disponibilizadas vagas no Cemitério Público de Natal.
A Semsur destaca ainda que a prioridade nos cemitérios da capital é para pessoas da própria cidade. A secretaria afirmou também que há vagas suficientes nos cemitérios públicos da cidade e enfatizou que nunca ocorreu de o serviço estar indisponível para a população.
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