sábado, 9 de julho de 2022

RN ocupa 2º lugar em ranking de desigualdade de renda

Via Barriguda News

O Rio Grande do Norte é o segundo estado brasileiro com maior desigualdade de renda. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Anual, de 2012 a 2021, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e mostram um aumento acelerado da desigualdade. Isso significa que a população com menor renda tem ficado cada vez mais pobre, enquanto a mais rica continua crescendo financeiramente. As informações são disponibilizadas pelo projeto Observatório das Desigualdades, parte do Programa de Pós-graduação de Gestão Pública (PPgP), vinculado ao Departamento de Administração Pública e Gestão Social do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA/UFRN).

O Projeto faz um comparativo sensível sobre o crescimento da desigualdade no estado, que em 2020 se encontrava no 12º lugar do ranking, mas subiu 10 posições em apenas um ano. Aumento expressivo em um curto período de tempo. Para o cálculo foi usado o índice de GINI, que serve para medir o grau de concentração de renda em determinado grupo. De acordo com o cálculo, quanto mais próximo de 1 for o resultado, pior o nível de desigualdade. Nele, o RN aparece com 0,587 e apresenta aumento de 14% entre 2020 e 2021. Esses dados se traduzem em uma realidade difícil para a população potiguar.

Em números reais, a renda média das pessoas que se encontravam entre os 5% mais pobres do estado em 2020 era de 79 reais. Esse valor caiu para 55 reais em 2021. Já a renda média do 1% mais rico da população subiu de 11.576 reais para 11.934. Além disso, ao se analisarem os dados dos domicílios que recebiam bolsa família, nota-se uma queda de, aproximadamente, 41% no número de domicílios beneficiados pelo programa, o que contribui para agravar o quadro de desigualdade no estado. No entanto, embora se possa dizer que esses dados são alarmantes, o RN segue com um rendimento mensal médio superior ao da região Nordeste desde 2012.

Sobre o Observatório das Desigualdades

O Observatório das Desigualdades (DAPGS/CCSA) é um programa de extensão coordenado pela professora Mariana Mazzini, mas que conta com amplas parcerias dentro e fora da UFRN, envolvendo universidades, organizações da sociedade civil e organizações governamentais, dentre outras. De forma inovadora, seu objetivo é produzir e divulgar conhecimentos sobre desigualdades e ações públicas para enfrentá-las.

Para isso, o Observatório realiza publicações, pesquisas, concursos, eventos e cursos para promover debates e conhecimento acerca do assunto. “A gente percebia que na universidade e fora dela, muitas das discussões que envolvem desigualdade, passam por conhecimentos que não são muito recorrentes”, conta Mariana. Sendo assim, encontraram no projeto uma maneira de “traduzir” certos dados, tornando-os mais acessíveis a todas as pessoas e trazendo discussões que impactam diretamente a população para o âmbito social.

“Criamos um Glossário das Desigualdades, por exemplo, que tem 43 verbetes sobre temas relacionados às desigualdades e a formas de enfrentá-las, como interseccionalidade, transversalidade, branquitude, política pública, gestão social, dentre outras”, disse. Esse Glossário está disponível em formato audiovisual, com vídeos e áudios curtos que explicam os temas de forma introdutória, e, ainda, em formato texto, incluindo referências para quem quer saber (no site e no relatório). Trata-se de uma maneira de facilitar o acesso a informações e conceitos complexos, usados no âmbito acadêmico, para a população em geral.

“O nosso objetivo é democratizar o acesso do conhecimento às desigualdades para garantir que as pessoas se comprometam com o enfrentamento às desigualdades”, explica. O projeto como todo parte do princípio de que o conhecimento é a peça fundamental no combate a desigualdade social e consequentemente no enfrentamento das maiores dificuldades que assolam o estado. Para isso, é necessário democratizar o acesso à informação tanto dentro quanto fora da Universidade.

Fonte: Agecom UFRN
Foto: Cícero Oliveira – Agecom/UFRN

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