quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Após 65 anos de união, casal morre com 40 minutos de diferença no RS

Italvino e Diva deixaram um exemplo de amor para os familiares 
(Foto: Fátima Possa Nunes/Arquivo pessoal)


07 de OUTUBRO de 2014 - Uma história que teve início no final da década de 1940
no interior do Rio Grande do Sul terminou na última sexta (4) no Hospital São 
Lucas da PUCRS, em Porto Alegre. Juntos há 65 anos, Italvino Possa, de 89 
anos, e Diva Alves de Oliveira Possa, de 80, morreram com cerca de 40 minutos de
diferença. Ele foi vítima de uma leucemia. Ela, acometida por um tumor na bexiga, 
partiu logo depois. O casal passou os últimos momentos de mãos dadas, com as 
camas juntas no quarto.

"O pessoal da PUC conhecia eles, sabia da luta deles, então juntaram as duas 
camas no quarto e eles vieram a falecer quase no mesmo horário, como se 
ele estivesse abrindo as portas para ela e arrumando a casa para eles ficarem
juntos para sempre", diz o estudante universitário Rafael Max, um dos 14 netos 
do casal, que deixou ainda 10 filhos e seis bisnetos.
Foto tirada 10 minutos antes da morte 
de Italvino mostra o casal de mãos dadas no hospital
(Foto: Rafael Max/Arquivo Pessoal)



Italvino e Diva se conheceram durante um baile em 1948 e, um ano depois, se 
casaram. "Ele sempre frisava que era um ano a mais de casado, porque o que 
contava era o início do namoro. Se considerava um eterno namorado", conta 
Max.

O casal viveu em Marau e Passo Fundo, no Norte do estado, e também na capital 
gaúcha. Em todos estes anos de união, Italvino jamais deixou o romantismo 
morrer. Preparava o café da manhã para a amada e mantinha uma horta no pátio
com as verduras "ao gosto dela". Além disso, a presenteava com flores. "Em 
todos os dias dos namorados, eles sempre comprou rosas para ela", conta.

Seu Italvino foi a principal referência paterna da vida do neto, que perdeu o pai 
quando tinha apenas três anos de idade e, até os 12, viveu com a mãe na casa 
dos avós. Ainda enlutado pela perda, ele exalta a retidão de caráter do avô.
Porta-retrato com foto da celebração 
dos 60 anos de casados 
(Foto: Rafael Max/Arquivo Pessoal)

"Nunca tive um exemplo de homem tão reto. Às vezes áspero, mas pela 
rudimentariedade da época em que viveu, mas muito justo e reto", relembra. 
Já a avó é considerada uma mulher "doce". "Ela tinha facilidade em lidar com as
pessoas da família".

A religião adventista motivava o casal a fazer boas ações. "Eles sempre 
buscavam ajudar as pessoas necessitadas, com roupas. Se envolviam 
em projetos da igreja que frequentavam, e talvez por isso eram tão bons", 
relembra o neto.

Italvino foi o primeiro a descobrir a doença, em agosto do ano passado. Desde 
então, entre internações e altas, batalhava para permanecer ao lado da amada. 
Já neste ano, Diva recebeu o diagnóstico de câncer. Foi submetida a uma cirurgia
em abril e deu início a um tratamento.

Na última quarta (1), já internada no hospital, a matriarca chamou a família para 
uma reunião. "Ela sentiu que a hora estava chegando, pediu para ver parentes
e meu avô foi ao hospital. Depois da conversa que eles tiveram, tanto ela ficou 
mais tranquila quanto ele, que lutava contra uma doença", conta Max.

Italvino retornaria ao hospital na manhã de sexta-feira (4), após passar mal. Ele 
morreu por volta das 15h do mesmo dia. "Depois, minha tia falou no ouvido dela 
que meu avô tinha partido em paz. Ela ficou mais tranquila", contou.

Contrariados pela perda de um casal tão amado, os familiares reconhecem que, 
no fundo, foi melhor assim. "Eles não iam aguentar a dor de ficar um sem 
o outro", cogita Max, ainda emocionado com uma história tão rara de amor. 
"Nunca vi nada parecido".

Felipe Truda
Retirado do G1 RS / Via Blog Ideias & Fatos

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