sábado, 13 de setembro de 2014

Cearense de 90 anos é um dos alfaiates mais velhos em atividade no Brasil

Por muitos anos o universo do corte e costura manteve-se exclusiva para o universo feminino. Contudo, uma das profissões mais antigas, a alfaiataria, encanta os olhos dos que prezam pela elegância e caimento impecável das peças masculinas.
Em Fortaleza há apenas um alfaiate registrado no Sindicato das Indústrias de Alfaiatarias e Confecções de Roupas, mas outros dois ainda continuam em atividade.
mais antigo deles é Osmundo Souza, que tem 90 anos de idade e 77 de experiência. O alfaiate aprendeu a técnica da modelagem aos 13 anos de idade com Francisco Cruz, alfaiate influente da cidade de Crateús.
Precoce, aos 17 anos montou a própria alfaiataria e dez anos depois veio para Fortaleza em busca de expandir o trabalho. Para aprimorar o seu conhecimento, participou de congressos de alfaiataria no Ceará, pelo Brasil e pelo mundo. Já foi ao Peru, Argentina e Itália. Exibe sua dedicação com orgulho nas paredes, em forma de certificados.
Osmundo Souza veio de Crateús para Fortaleza nos anos 50 e só exerceu uma profissão na vida: alfaiate. (FOTO: Tribuna do Ceará/ Rosana Romão)

Osmundo Souza veio de Crateús para Fortaleza nos anos 50 e só exerceu uma profissão na vida: alfaiate. (FOTO: Tribuna do Ceará/ Rosana Romão)
Ao chegar na capital cearense, a alfaiataria estava no auge: muitos clientes o procuravam para fazer ternos e roupas de linho. Seu Osmundo já teve quatro endereços diferentes, sempre no centro da cidade, até chegar ao seu atual, no Edifício Lobrás, onde está desde a fundação do prédio, há quarenta anos. “Vir pra Fortaleza foi muito bom. Além de trabalhar mais pude oferecer emprego a outras pessoas”, comemora.
Na sua trajetória profissional, além de produzir paletós, já recebeu encomendas para fazer becas de juízes, fardamento de funcionários de hotéis e repartições públicas e alguns eventuais consertos. Além dele, há Aírton Menezes, um funcionário surdo mudo, e mais 6 pessoas que trabalham em casa. “Nós nos comunicamos com os funcionários que trabalham em casa através do telefone. Mas no caso do seu Airton, que é surdo, não é possível, por isso ele trabalha aqui na alfaiataria”, explica a filha do seu Osmundo, Evanete Souza.
Durante todos esses 77 anos dedicados à profissão de alfaiate, Seu Osmundo já ensinou suas técnicas a muitos funcionários, alguns deles até montaram o seu próprio negócio. Já os clientes se tornara amigos, de tanto voltarem ao estabelecimento, que possui uma caixa com as fichas de cada cliente. As informações são minuciosas. Separadas em ordem alfabética, estão as medidas e observações das exigências dos compradores.
Apesar de declarar o seu perfeccionismo, o alfaiate afirma que a confecção de um paletó dura apenas 2 dias. Isso porque além da técnica apurada e muita experiência, ele tem ajuda dos funcionários, uma vez que não se dedica tanto à costura, e sim com as medidas e projeto do paletó. Devido ao esforço e movimentos repetitivos, ele não pode mais dedicar-se como antes. Fez fisioterapia para melhorar os movimentos, mas por recomendação médica, precisa afastar-se das atividades rotineiras. Porém, acompanha todo o processo de fabricação, com pontuais interferências.
Osmundo Souza, dono da alfaiataria e seu funcionário Airton Menezes, de 83 anos. (FOTO: Tribuna do Ceará/ Rosana Romão)
Com o crescimento das indústrias, a produção automatizada de paletós aumentou significativamente, o que gera concorrência desleal para a alfaiataria. Mas para seu Osmundo, isso não é um problema. “Hoje já não existe tantas alfaiatarias como antigamente. As pessoas preferem comprar roupa feita, que é mais barato, mas uma roupa sob medida é outra coisa, tem mais qualidade e o caimento fica perfeito”, rebate.
 
Tribuna do Ceará / Via Portal Catolé News

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